segunda-feira, junho 18, 2018

POESIA: A LENDA DA BOLA DE FOGO POR: CACÁ LOPES

REPRODUÇÃO: FACEBOOK

Cacá Lopes

O meu nome é Cacá Lopes
Nasci em Araripina,
Sou da Terra de Nabuco
Pernambuco me fascina,
Vim ao mundo nas “quebrada”
Da região Nordestina.

Sou poeta cantador
Sim senhor! Sou brasileiro,
Cantor e compositor
Cordelista, violeiro.
Sigo espalhando meus versos
No chão do país inteiro.

Há cinquenta e poucos anos
O Sertão me viu chegar,
Hoje canto suas belezas
As coisas do meu lugar
Minha fonte é a cacimba
Da cultura popular


Quero contar uma história
Que um dia aconteceu,
Lá pras bandas do Sertão
Pois a notícia correu,
Com o tempo virou lenda
E um Cordel mereceu.

Eu sempre ouvi do meu pai,
Que ouviu do meu avô,
Essa lenda foi contada
Também por meu bisavô
Esse afirmou que ouviu
Do meu bom tataravô.

Antes de narrar a lenda
Eu falo da região,
A minha aldeia querida
Retrato com emoção
Em versos, canções e rimas
Essa é minha missão.

Viajando nas lembranças
Guardo vivo na cachola,
A doce e rica infância
O meu lar, a velha escola,
O jogo de carrapeta
As brincadeiras de bola.

Nessa época eu morava
Em uma localidade,
No sitio Lagoa da Onça
Longe da civilidade,
Foi o tempo mais feliz
Que eu vivi de verdade


Tomava banho de açude
Jogava bila, brincava.
Carrinhos feitos de lata
O meu pai sempre me dava,
De trisca e de baladeira
Com meu irmão vadiava.

Saudade da adolescência
Do meu grupo escolar,
Da primeira professora
Das rezas do meu lugar,
Da primeira namorada
Céu de estrelas e luar.

Andava de bicicleta
Comia mangaio na feira,
Tinha medo de “visage”
Me esfolava na ladeira
Para vir a este mundo
Foi preciso uma parteira.

Recordo sempre de cada
Momento que lá vivi,
Um dos dias mais tristes
Foi o dia em que parti,
Rumo à cidade grande
Grande chororô eu vi.

Inda bem que sempre volto
Para matar a saudade,
Da família, dos amigos,
Da minha comunidade,
Do lugar onde nasci
E vivi tão à vontade.

Encanto terra querida
Onde o gesso predomina,
A princesa do Araripe
Aldeia, Araripina,
No sítio Lagoa da Onça
Oh! Sertão que me fascina!

Mundo primeiro dos meus
Olhos, e do coração.
É aqui que eu mergulho
No mar da inspiração,
Lugar das primeiras vezes
Fonte de imaginação.

Foi aqui que encontrei
Minha musa companheira,
Com seus olhos cor da serra
Amor para a vida inteira,
Seu olhar me conquistou
Flechada foi bem certeira.

Eu quero citar também
Parte do reino encantado,
Sítio Capim e Flamengo
Ponta da Serra ao lado
E a Lagoa de Dentro
Que já virou povoado.

Pé do Morro, Alto Novo,
Sítio Baixa do Angical.
A casa do meu avô
Tinha um grande quintal,
Antigamente era farta
Muito gado do curral.

O lugar já foi tranquilo
Antes não havia perigo,
Nossa casinha tão simples
Era mais que um abrigo,
Lá no canto do curral
Enterraram meu umbigo.

Agora volto a falar
Sobre a lenda, o mistério
Da bola de fogo que;
Deixava o povo sério
Uns afirmaram que era
Sinal de algum minério.

Outros diziam que era
O tal disco-voador,
Um ser vindo doutro mundo
Segundo pesquisador,
Quando ele aparecia
Causava muito pavor.

A lenda fala de uma bola
De fogo alaranjada,
Que surgia sempre à noite
Perto de uma estrada,
Ia de uma serra à outra
Correndo em disparada.

Em alguns meses do ano
A enorme bola surgia,
Distante no horizonte
Encantada se movia,
Durava só uns minutos
E de repente sumia.

O local, Ponta da Serra
Fica próximo à Gergelim,
Lembro muito desse fato
Que ficou marcado em mim,
Eu e muita gente viu
Esse mistério sem fim.

Aquela bola de fogo
Na horizontal girava,
Várias vezes avistei
Fantástica iluminava,
As árvores, o pé de serra
E depois se evaporava.

Não sei se era botija
Que se enterrava no chão.
Um pote cheio de ouro
Causando assombração,
Só sei que aquela bola
Bailava sobre o Sertão.

Não sei se era real
Ou mistério da natureza,
Uma visão coletiva
Do povo da redondeza,
Só sei que aquela coisa
Causava muita estranheza.

Aquele facho de luz
Acendia a esperança.
É verdadeira essa história!
Conte pra cada criança,
Enquanto vida eu tiver
Não sairá da lembrança.

Registrei neste cordel
Escrito com o coração,
Pra que essa lenda passe
Para cada geração.
Ao fechar os olhos, vejo:
Na alma do sertanejo
Versos, rimas, tradição.

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