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Cacá Lopes
O meu nome é Cacá LopesNasci em Araripina,Sou da Terra de NabucoPernambuco me fascina,Vim ao mundo nas “quebrada”Da região Nordestina.Sou poeta cantadorSim senhor! Sou brasileiro,Cantor e compositorCordelista, violeiro.Sigo espalhando meus versosNo chão do país inteiro.Há cinquenta e poucos anosO Sertão me viu chegar,Hoje canto suas belezasAs coisas do meu lugarMinha fonte é a cacimbaDa cultura popular
Quero contar uma históriaQue um dia aconteceu,Lá pras bandas do SertãoPois a notícia correu,Com o tempo virou lendaE um Cordel mereceu.Eu sempre ouvi do meu pai,Que ouviu do meu avô,Essa lenda foi contadaTambém por meu bisavôEsse afirmou que ouviuDo meu bom tataravô.Antes de narrar a lendaEu falo da região,A minha aldeia queridaRetrato com emoçãoEm versos, canções e rimasEssa é minha missão.Viajando nas lembrançasGuardo vivo na cachola,A doce e rica infânciaO meu lar, a velha escola,O jogo de carrapetaAs brincadeiras de bola.Nessa época eu moravaEm uma localidade,No sitio Lagoa da OnçaLonge da civilidade,Foi o tempo mais felizQue eu vivi de verdade
Tomava banho de açudeJogava bila, brincava.Carrinhos feitos de lataO meu pai sempre me dava,De trisca e de baladeiraCom meu irmão vadiava.Saudade da adolescênciaDo meu grupo escolar,Da primeira professoraDas rezas do meu lugar,Da primeira namoradaCéu de estrelas e luar.Andava de bicicletaComia mangaio na feira,Tinha medo de “visage”Me esfolava na ladeiraPara vir a este mundoFoi preciso uma parteira.Recordo sempre de cadaMomento que lá vivi,Um dos dias mais tristesFoi o dia em que parti,Rumo à cidade grandeGrande chororô eu vi.Inda bem que sempre voltoPara matar a saudade,Da família, dos amigos,Da minha comunidade,Do lugar onde nasciE vivi tão à vontade.Encanto terra queridaOnde o gesso predomina,A princesa do AraripeAldeia, Araripina,No sítio Lagoa da OnçaOh! Sertão que me fascina!Mundo primeiro dos meusOlhos, e do coração.É aqui que eu mergulhoNo mar da inspiração,Lugar das primeiras vezesFonte de imaginação.Foi aqui que encontreiMinha musa companheira,Com seus olhos cor da serraAmor para a vida inteira,Seu olhar me conquistouFlechada foi bem certeira.Eu quero citar tambémParte do reino encantado,Sítio Capim e FlamengoPonta da Serra ao ladoE a Lagoa de DentroQue já virou povoado.Pé do Morro, Alto Novo,Sítio Baixa do Angical.A casa do meu avôTinha um grande quintal,Antigamente era fartaMuito gado do curral.O lugar já foi tranquiloAntes não havia perigo,Nossa casinha tão simplesEra mais que um abrigo,Lá no canto do curralEnterraram meu umbigo.Agora volto a falarSobre a lenda, o mistérioDa bola de fogo que;Deixava o povo sérioUns afirmaram que eraSinal de algum minério.Outros diziam que eraO tal disco-voador,Um ser vindo doutro mundoSegundo pesquisador,Quando ele apareciaCausava muito pavor.A lenda fala de uma bolaDe fogo alaranjada,Que surgia sempre à noitePerto de uma estrada,Ia de uma serra à outraCorrendo em disparada.Em alguns meses do anoA enorme bola surgia,Distante no horizonteEncantada se movia,Durava só uns minutosE de repente sumia.O local, Ponta da SerraFica próximo à Gergelim,Lembro muito desse fatoQue ficou marcado em mim,Eu e muita gente viuEsse mistério sem fim.Aquela bola de fogoNa horizontal girava,Várias vezes avisteiFantástica iluminava,As árvores, o pé de serraE depois se evaporava.Não sei se era botijaQue se enterrava no chão.Um pote cheio de ouroCausando assombração,Só sei que aquela bolaBailava sobre o Sertão.Não sei se era realOu mistério da natureza,Uma visão coletivaDo povo da redondeza,Só sei que aquela coisaCausava muita estranheza.Aquele facho de luzAcendia a esperança.É verdadeira essa história!Conte pra cada criança,Enquanto vida eu tiverNão sairá da lembrança.Registrei neste cordelEscrito com o coração,Pra que essa lenda passePara cada geração.Ao fechar os olhos, vejo:Na alma do sertanejoVersos, rimas, tradição.
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Blog do Paixão